1.5.07

Livros (Caetano Veloso)

Tropeçavas nos astros desastrada

Quase não tínhamos livros em casa

E a cidade não tinha livraria

Mas os livros que em nossa vida entraram

São como a radiação de um corpo negro

Apontando pra a expansão do Universo

Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso

(E, sem dúvida, sobretudo o verso)

É o que pode lançar mundos no mundo.

Tropeçavas nos astros desastrada

Sem saber que a ventura e a desventura

Dessa estrada que vai do nada ao nada

São livros e o luar contra a cultura.

Os livros são objetos transcendentes

Mas podemos amá-los do amor táctil

Que votamos aos maços de cigarro

Domá-los, cultivá-los em aquários, E

m estantes, gaiolas, em fogueiras

Ou lançá-los pra fora das janelas

(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)

Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los

Podemos simplesmente escrever um:

Encher de vãs palavras muitas páginas

E de mais confusão as prateleiras.

Tropeçavas nos astros desastrada

Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.

Tentando Voltar À Ativa: O Gato Comeu/Minha Mão/Inteira

Hunf..
Depois de muito tempo, aqui estou novamente tentando fazer meu blogue reviver.
Já tentei fazer de tudo, mas ninguém visita ele.
Decobri-o, logo após a minha conturbada semana de provas, sepressivo, descontente e desgostoso, afinal, ninguém o visita.
Estou fazendo uma campanha para reanimá-lo, mas ninguém está interessado pela causa. u,u'
Bem..
Que tenho feito de interessante desd'o meu último post?
Absolutamente NADA!!
E quem vai tirar meu ócio??
HUMPF!!
Bem.. vou postar para vocês uma poesia (música?) ótima de um dos maiores intérpretes e compositores que, como todos nós, já fez cagadas pra caralho -e continua fazendo- da nossa Música Popular Brasileira. (talvez vocês já a conheçam pois professores de literatura pagam muito pau pr'ela)
Língua
Ghrüm..
Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódia
E um profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixa os portugais morrerem à míngua
Minha pátria é minha língua
Fala Mangueira, Fala!!
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer, o que pode
Esta língua?
Vamos atentar para a sintaxe paulista
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas, cadê?
Sejamos imperialistas!!
Vamos na velô da dicção choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Hollanda resgate
E Xeque-mate, explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem!!
Sejamos o lobo do lobo do homem!!
Adoro nomesNomes em ÃDe coisa como rã e ímã...
Nomes de nomes como Scarlet Moon ChevalierGlauco Mattoso e Arrigo Barnabé, Maria da Fé
Arrigo Barnabé
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer, o que pode
Esta língua?
Incrível
É melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão
Se você tem uma idéia incrível
É melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível
Filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o recôncavo, e o recôncavo, e o recôncavo
Meu medo!
A língua é minha Pátria
E eu não tenho Pátria: tenho mátria
Eu quero frátria
Poesia concreta e prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chic-left com banana
Será que ele está no Pão de Açúcar
Tá craude brô, você e tu lhe amo
Qué que'u faço, nego?
Bote ligeiro
Nós canto falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem,que falem.